terça-feira, 16 de maio de 2023

Carta de agradecimento ao meu primeiro apê


No apê 301 consegui entrar em um grande autoconhecimento. Quem eu de fato era ou queria ser quando não tinha absolutamente ninguém para julgar, orientar, controlar, pedir... Nada!? Morar sozinha foi ótimo! Descobri que gostava mais ainda de luz "amarelada", aromatizadores, cheiro de roupa limpa no varal, cuidar de plantas, tomar banho ouvindo música na penumbra, faxinar e me cuidar aos domingos e em seguida ir a igreja, ficar no silêncio, comprar besteiras, mas em sua maioria, coisas saudáveis para fazer/ comer (pasmem); aproveitar bem a solitude, ficar bem comigo mesma e sim, revisar várias coisas que aconteceram... Perdoar, lidar, seguir em frente. Comprar vinho e pizza também foi algo recorrente e muito bom! Receber vários grupos de pessoas para conversar, comer e jogar. Nunca tinha imaginado que um lugar tão pequeno pudesse atrair tantos e ser tão bom. 

Teve vários bons encontros com família e amigos. Muitas comemorações em uma mesa dobrável, um sofá relocado, banquetas e banquinhos espelhados para caber todos muito bem; teve um vizinho que virou amigo; teve "home office" com produção de doces e de muitos projetos. E foi lá que de fato conheci meu noivo. Sim! Em casa. Ele precisava de um lar, e era eu, e foi lá. Aos poucos e até um tanto rápido (para nosso tempo de relacionamento), mas parece que desde o inicio não combinava ficarmos longe; não havia necessidade de fato a distancia; foi então que um dia eu disse para que ficasse determinado e claro: você mora aqui. Diante do tempo que ele passava, mas também, diante de como eu via que ele se sentia estando lá, esclareci que o lugar dele era ali. E isso também foi bom, muito bom.  

Foi lá que eu tive a ousadia de ser mãe. Mãe de planta e mãe de pet. Mesmo várias pessoas dizendo: "Não tem como! Olha o espaço que você tem! É pequeno..." Ignorei isso porque eu organizo e faço caber, sim! Tenho um coração grande. (Risos) Adotar um cachorro foi uma das melhores coisas que fiz! Pela companhia, pela troca do amor incondicional (aprendi tanto), pelo cuidado mesmo cansada (treinando, né?), para ver como o meu mozi se comportava, para desenvolver tantas habilidades... Além de claro, me divertir. 

Teve também amizades feitas por ser mãe de pet! Pela minha profissão... Vizinhança boa. O apê foi ficando muito cheio com um tempo (mais dois integrantes e alguns móveis a mais e maiores; como também, outras atividades foram surgindo e pessoas a receber para dormir); então já era hora de me mudar mesmo. 

Agradeço pelo abrigo em toda sua dimensão (física e emocional); pelas oportunidades de boas vivências que tive ali. Por tantos finais de tarde contemplados da janela do meu quarto (e fotos muito excelentes); pela porta escancarada para varanda e essa liberdade... Por Deus ter cuidado tanto e tantas vezes de mim ali; e por meio de lá também, ter mostrado o seu amor. 

É isso... Vamos a mais um! 

 

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Mudanças de casas e poucos lares


Bem... Estou vindo aqui pra dizer que me mudei! Sim, agora o "apê" é três vez maior e o número? 302. Coincidentemente, o número seguinte do que eu morei. Vou contar porque eu sai de lá. Infelizmente não foi nada tão incrivelmente planejado, romântico ou por um bom motivo como eu esperava. Mas as vezes o que precisamos é de um empurrão e não de um afago ao ego ou no coração, não é? Senão, a gente se acolhe, se encolhe e não movimenta. Pois bem... Eu tive que sair e acreditem, apesar de bizarro, não vou incrementar nada, nem fantasiar pra melhorar o relato (ou piorar), é sério o que vou contar. 

Quinta-feira, recebi várias mensagens como sempre. Ignorei a de um numero estranho. Até indo fazer "a limpa" vi outras novas mensagens insistindo pra falar comigo, então perguntei quem era. E resumindo, fui ameaçada que sabiam onde eu morava, que eu deixasse de falar que na rua estava perigoso etc. Como em uma novela e pelo meu perfil, fui unindo os fatos e descobri que era somente um antigo morador querendo voltar a morar no prédio e morar exatamente no meu apartamento de localização privilegiada inclusive pra ele "aprontar" as coisas que queria. Fiz um B.O pra me resguardar, mesmo sabendo o teor das coisas (que não era exatamente grave, mas apenas um drama invejoso) eu me organizei para sair, pra também não arriscar.

Antes de sair do apartamento, com algumas lâmpadas a menos, apagadas, parei no meio dele... Antes de abrir a última porta onde havia deixado meu cachorro, me deu vontade de chorar. Olhei para aquele vazio, aquelas marcas que passei por ali... Um pequeno desenho na parede, uma placa escrita "casa + amor = Lar" (escrita e feita por mim, que não desgrudou por nada no mundo da parede); eu agradeci mais uma vez... Como aconteceu tanta coisa importante e boa ali, meu primeiro lar de fato depois das casa dos meus pais. A minha extensão não somente mais em um quarto, mas em cada canto. Eu respirei fundo, enxuguei o rosto, abri a porta do quarto, peguei meu cachorro, fechei a janela, desliguei a luz, tranquei mais uma porta e saí com o coração pequenininho. Eu nem sabia que eu poderia me emocionar daquele jeito. Depois, quando falei pra meu noivo e minha mãe, quando falei pra minhas amigas, deu um nó na garganta. Como agora. 

Meu noivo perguntou: "Você quis chorar de tristeza? Precisávamos sair de lá." Eu: "Não. Não se chora só de tristeza... É porque foi a primeira "casa" só minha..." Embarguei a voz ali. Minha mãe ouviu e soltou um sorrisinho de quem entendia o que eu não disse; e de fato eu só consegui escrever pras minhas amigas sobre. Nem áudio eu consegui mandar. Mas agora, eu vou externar na minucia e "descobrir" o que está aqui dentro. 

Quando eu fui morar sozinha eu estava com o coração tão quebrado... Só Deus e eu sabemos. Só Deus sabe as noites que chorei pedindo e perguntando a ele: Quando terei o "meu lugar"? Eu me sentia tão deslocada, envergonhada, tão sem chão, mesmo sabendo que sim, eu sempre tive pra onde ir, casa e pessoas que me acolhessem, mas era uma falta... Uma lacuna gigante que só piorou depois que terminei os meus dois anos de estudos intensos. Ficou mais nítido. 

Minhas roupas e coisas, teve um período, que estavam espalhadas em três residências diferentes; não me sentia realmente em casa (de todo) em lugar algum. Eu estava indo de casa, em casa e escondendo parte de mim, dos meus desejos, das minhas opiniões, das minhas coisas, do que eu queria, da minha voz... Só em troca de ser aceita. De ter pra onde voltar de uma certa forma. 

Fui me apagando nos relacionamentos. Tem pessoas que acham que foi só no "amoroso", isso potencializou muito, mas eu estava assim no geral. Eu tinha receios nas três moradas que eu estava indo. Uma era de onde eu sai, do interior, dos meus pais. Sempre sui bem recebida e quando eu voltava lá, também voltava de alguma forma pra mim; mas não era mais para voltar a morar lá, senti isso. Voltar pra casa dos meus pais, depois de ter saído pra estudar, trabalhar em área especificas, ter um relacionamento longo com um rapaz, entre outras coisas, me remetia a um "não deu certo e ela está voltando". Sempre que eu pensava nisso, eu ficava triste, chateada e frustrada. Foi uma espécie de "engula o choro e faça o que tem que ser feito". E fiz... Aguentei coisa demais. Pra não "voltar atrás". 

Eu nunca havia me sentido tão mal com pessoas tão próximas, tão intimas, como me senti nos apartamentos que passei. Desde discussão por espaço, por esquecimentos (e quanto mais eu me estressava mais afetava minha memoria, o que não ajudou); depois por ciúmes, por não ter nada muito definido, depois por desgastes, por se ferir. Meus perdões foram conviver, ser boa e não desejar o mal, mas isso não significa que algumas coisas me atravessaram e que não deixaram marcas. Eu era tão tranquila que é até estranho de lembrar. A minha paz incomodava e eu não estava nem aí se era ela que incomodava. Eu queria manter, eu tinha muito "orgulho" dela. Mas as circunstancias me roubaram muito do que a sustentava. 

Ah eu tive momentos bons! Sim, vários. Eu tive pessoas que sempre foram boas apesar de qualquer coisa. Eu descobri acolhimento onde nem esperava, eu consegui terminar meus estudos, dar aula, viajar bastante, conhecer bons lugares, comer bem, ter pessoas sem me aperrear diretamente. Mas... Eu me pegava cinza. Vez ou outra. Sem energia. Eu tive medo de entrar numa depressão, meu sorriso foi ficando escasso ou, pelo menos, aquele sorriso que transborda e eu observei isso... Como alguém tendenciosa a pesquisar, eu fui fundo em mim, analisei cada pedacinho e decidi terminar ciclos. 

Terminei um relacionamento amoroso longo, eu não voltei mais a nenhum desses apartamentos a não ser pra pegar algumas coisas, outras eu deixei pra trás e nunca mais sequer voltei ou quis buscar... E então, eu voltei pra casa. Pra primeira, decidida a passar pouco tempo. Quanto tempo eu não sabia.  Eu voltei pra casa. A casa que eu tinha receio de voltar com a cara de que "falhei" na vida. E eis que as coisas começaram a clarear e se assentar e fluir. Deus bom. Eu voltei por apenas um fim de semana, fui chamada pra trabalhar em um lugar fixo, não tinha onde morar ainda, mas disse que queria tanto morar sozinha, minha família ajudou sem pestanejar (Deus bom!); minha mãe já vinha comprando coisas pra minha futura casa, eu também... Outras coisas vó, pai, irmão me ajudaram... 

No meio do processo fiquei em um apartamento de uma prima (por pouco tempo, duas vezes), o suficiente pra eu concluir umas aulas que eu estava ministrando, outras que estava assistindo pois estava fazendo uma pós nesse olho do furacão e voltei também para trabalhar durante uma semana até achar o apê 301. E foi isso. Eu fui pra o apê 301 e muita coisa gigante aconteceu em 25m2 pra meu coração. 

P.S: Eu vou escrever uma "carta" continuando e finalizando sobre o 301 na próxima postagem.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Revoltada

Na minha cabeça vem muita uma expressão "Estou cansada". A um tempo atrás era fisicamente e mentalmente; agora parece que é mentalmente ainda... Mas já se passaram meses. Já desacelerei tanto! Já fiz tantas coisas pela primeira vez, já li tantos livros, aprendi novos jogos, assisti outras séries, passei a caminhar com frequência, sai de um ambiente caótico que tanto me fazia mal... Por que ainda o cansaço permanece? O desânimo, a incerteza, a ansiedade, o pessimismo...? Desde quando eu fiquei tanto assim? Até quando eu vou ficar assim? 

Parece que estou fazendo várias coisas porque é o jeito. Mas vontade? As minhas vontades estão em subterfúgios. Totalmente pra isso. Estou correndo das minhas profundidades, porque tem coisas que me chegam que parece que vai ser a gota pra eu desmoronar durante uns dias. Eu quero chorar! E quando eu choro, parece que nada me diz de fato (a não ser eu mesma) que eu posso chorar. 

As coisas passam por cima me atropelando, o mundo diz: não dar tempo chorar e se retrair por tanto tempo assim! Bora! Novamente... Produção!

Eu queria ficar quieta. Onde a gente tem que viver com movimento. Eu queria algo também que ainda não sei o que é. Porque nada me preenche por tanto tempo. Eu já vivi perrengue, eu já me irritei bastante, já chorei por dívidas, já fiz muitos planos e eu tenho a impressão, quando eu me comparo a uma das minhas versões, que eu era mais leve. Como eu fui perdendo isso? Fiz uma viagem pra outro país e quando eu fui, estava caótica. Quando cheguei lá, eu tentei absorver só o que havia de bom, foi um grande presente de Deus. Quando eu voltei, algo havia mudado em mim. Estava bem humorada, estava animada pra começar algo novo finalmente, estava contente por ter saído de um lugar que tanto me fazia mal, até que, bem no fim do ano pra o início desse... A minha energia voltou a cair. "Trolei" com encontros, vinhos, livros e me ocupar com outras coisas. Mas vem de novo. Teve dias, de despencar. Vários dias. Hoje foi um deles. 

"Aquilo" voltou. A "coisa" ruim. Porque as vozes ruins estão sendo maiores que as boas do meu peito? Cadê o enxergar o lado bom das coisas? Por que estou tendo que me esforçar pra ver coisas boas, aprendizados... ? Meu Deus. Eu repito pra mim: Estou de saco cheio. Não somente estou triste como estou se saco cheio! Estou irritada porque eu tenho que lidar com coisas que eu me deixei levar. Esqueci até os motivos que me levaram a "deixar levar". Hoje eu pensei o quanto eu fui passiva. E na verdade, lembrei de quantas vezes eu só fiz algo a contragosto, fiz porque tinha que fazer. Não era tão passiva assim. E isso me irritava e me irrita ainda quando eu penso que alguém conseguiu me "sequelar". Agora já era... Resiliência? No meu mapa falou algo sobre eu ter uma tendência a isso. Saber usar isso. Mas olhando mais precisamente, ninguém volta a ser algo exatamente como era antes. Todos os encontros e pessoas que convivemos nos afeta. A minha cabeça está tão ruim, que eu não consigo ver as coisas boas que fiz de fato e que aconteceram, pelo menos não muito. Deus deve está olhando pra mim e pensando agora: ingrata. 

Estou muito afetada. Meu lado canceriano queria se afundar e ficar na concha meses até sentir falta de algo ou alguém aponto disso gritar no peito de desejo e voltar a superfície, a praia, correndo. "Cheguei; cansei de ficar lá no fundo... Saudades!" Porém a verdade é que estou de saco cheio de muita gente. De muitas coisas. Como fui ficando amarga assim, meu Deus? Minha vontade agora está entre poucos e pouquíssimas coisas. Sinto que estou um tanto me afastando e me isolando. Me acostumei com o isolamento da pandemia?

Eu gosto mais de mim com meus vinte e tantos, porque eu potencializei e descobri muitas coisas boas em mim. Eu nem questiono a pessoa que sou quanto a ter em mim um servir, o caráter, a sede por verdade, justiça, o ser atenciosa, etc... Mas profissionalmente eu estou abalada mais uma vez e nessas coisas de responsabilidades de adulto, da frase que ressoa em minha cabeça: "Ah você tem que dar conta, sim! Você já está com tal idade, deveria ter isso... Conquistar isso... Pensar nisso... " Eu não sabia que seria tanta coisa! 

Hoje me veio algo muito gentil comigo (depois de palestras, podcast, depois de chorar, depois de banhos, de me isolar, de falar com Deus mesmo sem ouvi-lo): Lembra quando você falou pra uma amiga que você diria a sua versão de quando mais jovem pra aproveitar mais? Se cobrar menos? De parar de levar tanta coisa muito a sério? De parar de querer parecer pra os outros que é madura o suficiente pra não fazer isso ou aquilo, de se comportar de tal jeito? Lembra? Será que daqui a uns anos, você não poderia ter o mesmo pensamento e sentimento de você agora? Será que você não está cobrando algo demais pra essa jovem que ainda é você? E por que tudo de uma vez? Por que você acha que está demorando e está se comparando tanto? Você realmente sabe aquilo que outras pessoas passam pra as vezes achar que a grama tá mais verde em qualquer outro lugar? Por que você tem que ouvir tanto e mais as pessoas que tem esse comportamento gigante de cobrar? Desde quando são elas que estão totalmente certas? 

Bem... Eu nunca fui uma pessoa invejosa. Tenho meus lapsos de: "Queria também. Poxa..." A questão também é que minha profissão não está me ajudando. Em que sentindo? Meu trabalho e onde trabalhei já fui muito surrada, além de os clientes não valorizarem tanto assim financeiramente. Além disso, eu vejo coisas de alto padrão, vendo coisas de muitos mils e quando olho pra minha conta ou realidade penso: Cadê? Gostaria de viver isso também em relação a minha vida pessoal. Eu ainda não consegui fazer a "mágica" acontecer. O meu lado trabalhadora está frustrada. E a quem diga: "Mas você está no Brasil. É a realidade de muitos..." Mas eu sei que também não é a realidade de outros tantos, é nessa outra realidade que eu quero estar. E está bem difícil. 

É isso... Eu tenho asc em aquário e Saturno na minha casa 11. E uma astróloga perguntou o quanto influenciou, eu fui até olhar as influências no meu mapa. E sim, bateu. Muito trabalho, muita irritabilidade, autocrítica, descordar dos outros, mudanças no visual, pressão alta, amizade ruim, gente falsa, cobranças e revoltas. O combo veio completo. E mercúrio Retrógrado trouxe sim, assuntos que eu não queria enfrentar. Mas sou adulta, né? 30min chorando pra passar dias resolvendo aquilo que não queria nem mais ver. Quanto mais, discutir. 

Foi isso. É isso. Está punk. Mais uma vez. Vou deixar aqui pra ter uma esperança de voltar, não daqui a uns anos, mais em breve e dizer: viu? Estava pegando pesado com você. Deu tudo certo. Você conseguiu sair dessa e parece que aquilo ali agora é tão distante, né? Nem dói mais. Nem te incomoda, nem coça? Foi muita coisa mesmo. Mas passou, viu só? 

Que assim seja.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Fim de tarde

Fim de tarde de uma sábado e eu ainda estou de pijama. Já tomei banho, comi, mas coloquei o pijama novamente. Não que eu queira dormir, eu quero a sonolência do estar tranquila. 

Deitada, um livro na mão, um lápis que eu sempre perco em meio a cama desarrumada e a janela aberta. Parei de ler. Nessas horas eu gosto de olhar pra janela e ver as cores do céu mudando em poucos minutos; se misturando entre amarelo, laranja, azul, rosa, lilás, branco e as nuances de cada um. São poucos minutos pra não se ver mais o mesmo. Eu acho muito bonito quando vejo um avião passando e cortando as nuvens com elas iluminadas fazendo um caminho. Nesse momento o avião parece um foguete nos conduzindo pra um lugar com direção, mas sem sabermos o destino. 

É algo infantil, talvez, mas eu fico pensando enquanto estamos aqui nessa vidinha parada no fim de tarde, tem tantos indo além, pra outro lugar. Fazer o que? Às vezes eu queria estar no avião de rastro iluminado pra viajar e encontrar outra realidade, mas por vezes também, eu só queria está como agora. Observando calmamente tudo e pensando como tem muitas coisas muito além de mim; como tudo ao redor vai indo, vai longe, segue. 

Tem gente que vê fim de tarde e dar uma certa tristeza. Achei estranho pensar assim. Eu vejo fim de tarde e me parece que Deus está calmo... Enquanto estamos caóticos no trânsito, resolvendo coisas, querendo ir pra casa, concluir algo antes que o expediente acabe, contando a hora pra buscar alguém, pensando no que fazer e comprar pra o jantar; o céu vai calmante brincando com os reflexos do sol. As nuvens vão se espalhando e dando visão as estrelas.

O pôr do sol, o olhar pra o céu me pede reverência porque eu não controlo as horas, nem quase nada a meu redor... E tudo passa. Mais um dia que vai acabando... Pede pra desacelerar. Diferente de quando o sol nasce e o que penso é: "O que temos pra hoje?" Então me apresento ao mundo e minhas diversas funções. A noite me pede pra ser apenas eu mesma. Porque teoricamente, ninguém vai me aperrear por horários. Estou livre. É por isso que eu gosto da noite. Agora eu entendi mais. A noite me permite mais, olhar pra mim e olhar pra dentro.