quarta-feira, 24 de abril de 2024

Coisas para fazer antes de morrer

"Se você está vivo, você pode realizar..." "Um propósito para sua vida pode ser fazer coisas bonitas." 

Ouvindo o episódio chamado "Intenção, propósito e sonho" do podcast "Para dar nome as coisas", resolvi fazer então essa lista. A minha lista. 

  • Fazer uma viagem só com amigas;
  • Fazer uma viagem com minha mãe;
  • Fazer um cinemão em casa com o mozi e meus amigos;
  • Ter álbuns de fotos de família geral, minha família e amigos; 
  • Ser professora de ensino superior; 
  • Participar de um retiro;
  • Conhecer pelo menos uma cachoeira;
  • Conhecer dois países da américa do sul; 
  • Ter uma mesa no jardim/ varanda de casa; 
  • Aprender a dirigir; 
  • Andar de trem; 
  • Correr 2km; 
  • Falar inglês fluentemente; 
  • Tocar bem um instrumento; 
  • Zerar um jogo;
  • Emoldurar um quebra-cabeça;
  • Fazer um cantinho da leitura;
  • Casar;
  • Turistar no meu estado com o Mozi;
  • Ir ao cinema sozinha;
  • Dirigir pra outro estado no meu carro; 
  • Lançar um curso on-line;
  • Fazer e executar um projeto de iluminação para uma nova morada minha;
  • Projetar móveis para minha residência; 
  • Passar uma virada de ano na praia; 
  • Viajar com o mozi e meus amigos;
  • Dormir numa cabana;
  • Participar de um festival gastronômico; 
  • Conhecer a neve;
  • Levar meus filhos para curtir o fim de semana com meus pais e meu irmão; 
  • Gravar episódios para um podcast;
  • Ter um escritório físico;
  • Fazer pelo menos mais três tatuagens;
  • Participar de algumas ações sociais; 
  • Ir ao teatro com o mozi;
  • Ir a uma cafeteria que venda livros;
  • Ver um nascer do sol na praia;
  • Fazer mais uma faculdade...

quinta-feira, 28 de março de 2024

Anseios e comparações


[Ando meio reflexiva com alguma coisas... Talvez aqui eu consiga externar e organizar.]

Em meio a conversas com amigas, familiares, clientes, pessoas com quem trabalho e em tempos de disseminação gigante das redes sociais, fui tomada pelo questionamento dos anseios e influencias. Pensamentos sobre a cobiça, inveja, desejo, sonho, comparações, frustrações, questionamento sobre o que realmente queremos, ingratidão e até recalque. Quanta coisa, né? 

É muito fácil hoje termos acesso (em partes) a várias realidades. A grama verde do vizinho nunca esteve tão visível e acessível para olharmos. Na minha área de atuação então... O que tem de pessoas novas com apartamentos e casas repletas de coisas de alto padrão, coisas que só "ricos" ou pessoas com mais idades e financeiramente mais estável teriam. A casa e apartamento dos sonhos bem equipadas, bem decoradas; um carro ótimo, viagens internacionais, celebrações lindas; o ensaio fotográfico da gravidez, dos filhos... Mas afinal, será que está quase todo mundo "bem de vida" assim? Os que não estão são exceções por falta de mérito, sorte, organização ou falta de benção? Os que não estão devem sim, se sentir deslocados, injustiçados, tristes, frustrados, azarados ou coisa assim? A comparação sempre passa por uma sombra de frustração e ingratidão... E é sobre isso quero que falar.  

Não estou isenta de alguns sentimentos e pensamentos que citei. Na minha idade e como falei, no meio da minha profissão... Eu sinto a cobrança de ter sim: o meu lar lindo e todo planejado por mim. Mas também fiquei pensando em uma coisa que ouvi: "O que vamos dar de presente quando você casar? Vocês tem tudo!" E quando eu fui fazer a lista dos possíveis presentes fiquei pensativa... Meu Deus, temos tudo que precisamos e mais um pouco! As coisas a mais serão para diversificar, algumas para trocar (diante do tempo de uso), alguns são privilégios que queremos ter como robô que aspira e passa pano, máquina de lavar louça - que não entrarão na lista de presentes, claro- e alguns utensílios específicos ou mais "bonitos". Queremos conquistar, adquirir sim, coisas maiores também como casa própria, um carro... Ascenção financeira no trabalho, etc. Contudo, a minha mente e meu coração às vezes quer tudo de uma vez! Essa realidade "ideal"... E mesmo acreditando que tudo isso é questão de tempo pois, tantas outras coisas também foram, há uma pressa! Há um anseio tão grande que se torna "ansiedade". Há pesquisas por horas de debruçar em um assunto, em querer organizar, em querer mostrar que estou sim fazendo ou querendo a minha realidade nova; e tudo isso cansa! Muito. Por não está no agora mas em infinitas projeções. 

No meio das comparações que perpassam e muitas vezes que a gente nem percebe, eu me dei conta que no fundo esses desejos apressados vem de uma sensação de "estou ficando pra trás", "o tempo está passando para eu realizar ou ter tais coisas"... Isso é péssimo! Pois não vemos nisso tudo quanta prosperidade já temos! Estamos tão acostumados a tal prosperidade está ligada a bens materiais grandiosos ou relacionada a coisas ou feitos que são desejados por muitos, que deixamos passar aquilo que de fato faz e está no nosso cotidiano e já é muito bom. 

Eu li num livro que tinha algo como: "Se você tem alimento para estocar, isso já é fartura." Isso me pegou de um jeito! Nós podemos escolher o que comermos, nós podemos consumir água sem está contaminada, nós podemos dormir confortável, nós podemos assistir o que quisermos por TVs, computadores e celulares; nos divertirmos, ter acesso a lugares ótimos, livros e saber ler! Podemos também combinar e se "enfeitar" com tantas roupas e acessórios; se deslocar em automóveis confortáveis (sejam eles novinhos ou não); eu poderia listar tanta coisa... E aí a sociedade é a mesma que diz: "Você não deveria se contentar com tão pouco! Tem tanto para viver, aproveitar e ter! Tenha metas. Isso não que você tem poderia ser melhor." Não diminuam as conquistas dos outros, por favor. Isso é recalque, mas nem todo mundo entende e sente muito, pode interferir na alegria do outro. Não seja estraga prazeres! 

E claro que não é ruim desejarmos e nos planejarmos além! Sonhar alto... Não é isso. Não é se limitar. Mas será que precisamos mesmo de tanto? Ou, de tanta pressa? Será que não estamos deixando de curtir o caminho e fazermos e vivermos melhor dentro do que já temos agora? Além do mais, às vezes é só uma fase.

Eu já tive fases de viajar mais, estar melhor financeiramente e ainda assim, não está no meu melhor momento. Porque os bens de fato são efêmeros. "Dinheiro não traz felicidade?" Ajuda sim! Um bocado. Nos traz conforto e a possibilidade de aproveitarmos muitas coisas. Entretanto, esse não deve ser o centro da gratidão. Nem mesmo da prosperidade. Somos mais que isso, precisamos de fato mais do que isso. Isso sim é que nos limita: focarmos somente em "ter" e em experiencias extraordinárias!

Nem sempre também, o que outro tem e que é bom, é bom para termos e sermos. A gente pode só admirar... Já pensou? Em somente se inspirar na coragem, vontade e possibilidade de realizar um sonho como aquela pessoa? De simplesmente ver outras pessoas realizando sonhos e ficarmos felizes por elas ao invés de nos entristecermos ou nos compararmos porque não foi com a gente aquilo? Por que não cuidarmos muito bem do que já temos e criar realidades melhores (mas próximas, alcançáveis) e boas também dentro da nossa realidade atual? Há tantas formas criativas, cotidianas, simples e saudáveis para "romantizamos" e embelezarmos nossa vivências... ["Não deixar o perfeito ser inimigo do bom."]

Em vez de ficarmos nos comparando devemos lembrar que nossos processos são outros! Deus conhece e sabe o melhor tempo para que algumas coisas sejam plantadas, desenvolvidas e colhidas por nós. Gostemos ou não. Não estamos atrasados! Se nos permitirmos está mais alinhados com o que Ele quer para nós e quando é o tempo de vivermos e termos algo, estaremos desfrutando dos frutos da espera com o coração, mente e espírito mais saudáveis. Gratos diante do que já somos, vivemos e temos, como também, na esperança. Sonhos construídos em uma rocha segura!

Na espera acontece movimentos e eles não precisam ser bruscos e tão visíveis aos olhos de todos. Na verdade, quase nunca ninguém ver de fato. Nem mesmo a gente com esse olhar apressado... Nesse meio de caos. 

Desejo que possamos ter um coração grato, uma mente humilde e paciente para atravessarmos os processos com anseios, mas sem "ansiedade"; que possamos ter uma presença e um olhar atento para absorver o que é bom e não se deleitar e cair, naquilo que não é; de vermos a beleza e a potência de tantas vivências e encontros valiosos em nossos cotidianos; de que possamos confiar mais uma vez (e com muita teimosia e certeza) naquele que sempre esteve conosco [Deus]; desejo que a gente possa enxergar a bondade de Deus por meio das nossas boas relações e momentos com tantas pessoas que amamos... Nós que somos voláteis; que a gente possa lembrar de tudo isso ou que Ele nos lembre. 

Leveza, desejo a todos leveza e gratidão. 

terça-feira, 16 de maio de 2023

Carta de agradecimento ao meu primeiro apê


No apê 301 consegui entrar em um grande autoconhecimento. Quem eu de fato era ou queria ser quando não tinha absolutamente ninguém para julgar, orientar, controlar, pedir... Nada!? Morar sozinha foi ótimo! Descobri que gostava mais ainda de luz amarelada, aromatizadores, cheiro de roupa limpa no varal, cuidar de plantas, tomar banho ouvindo música na penumbra, faxinar e me cuidar aos domingos e em seguida ir a igreja, ficar no silêncio, comprar besteiras, mas em sua maioria, coisas saudáveis para fazer/ comer (pasmem); aproveitar bem a solitude, ficar bem comigo mesma e sim, revisar várias coisas que aconteceram... Perdoar, lidar, seguir em frente. Comprar vinho e pizza também foi algo recorrente e muito bom! Receber vários grupos de pessoas para conversar, comer e jogar. Nunca tinha imaginado que um lugar tão pequeno pudesse atrair tantos e ser tão bom. 

Teve vários bons encontros com família e amigos. Muitas comemorações em uma mesa dobrável, um sofá relocado, banquetas e banquinhos espelhados para caber todos muito bem; teve um vizinho que virou amigo; teve "home office" com produção de doces e de muitos projetos. E foi lá que de fato conheci meu noivo. Sim! Em casa. Ele precisava de um lar, e era eu, e foi lá. Aos poucos e até um tanto rápido (para nosso tempo de relacionamento), mas parece que desde o inicio não combinava ficarmos longe; não havia necessidade de fato a distancia; foi então que um dia eu disse para que ficasse determinado e claro: você mora aqui. Diante do tempo que ele passava e diante de como eu via que ele se sentia estando lá. Eu esclareci que o lugar dele era ali. 

Foi lá que eu tive a ousadia de ser mãe. Mãe de planta e mãe de pet. Mesmo várias pessoas dizendo: "Não tem como! Olha o espaço que você tem! É pequeno..." Ignorei isso porque eu organizo e faço caber sim! Tenho um coração grande. (Risos) Adotar um cachorro foi uma das melhores coisas que fiz! Pela companhia, pelo amor dado incondicional, pelo cuidado mesmo cansada (treinando, né?), para ver como o meu mozi se comportava, para desenvolver tantas habilidades... Além de claro, me divertir. 

Teve também amizades feitas por ser mãe de pet! Pela minha profissão... Vizinhança boa. O apê foi ficando muito cheio agora com mais dois integrantes e alguns móveis a mais e maiores; como também, outras atividades foram surgindo e pessoas a receber (para dormir); então já era hora de me mudar mesmo. 

Agradeço pelo abrigo em toda sua dimensão (física e emocional); pelas oportunidades de boas vivências que tive ali. Por tantos finais de tarde contemplados da janela do meu quarto (e fotos muito boas!), pela porta escancarada para varanda e essa liberdade. Por Deus ter cuidado tanto e tantas vezes de mim ali; e por meio de lá também ter mostrado o seu amor. 

É isso... Vamos a mais um! 

 

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Mudanças de casas e poucos lares


Bem... Estou vindo aqui pra dizer que me mudei! Sim, agora o "apê" é três vez maior e o número? 302. Coincidentemente, o número seguinte do que eu morei. Vou contar porque eu sai de lá. Infelizmente não foi nada tão incrivelmente planejado, romântico ou por um bom motivo como eu esperava. Mas as vezes o que precisamos é de um empurrão. Não de um afago ao ego ou no coração, não é? Senão, a gente se acolhe, se encolhe e não movimenta. Pois bem... Eu tive que sair e acreditem, apesar de bizarro, não vou incrementar nada, nem fantasiar pra melhorar o relato (ou piorar), é sério o que vou contar. 

Quinta-feira, recebi várias mensagens como sempre. Ignorei a de um numero estranho. Até indo fazer "a limpa" vi outras novas mensagens insistindo pra falar comigo então perguntei quem era. E resumindo, fui ameaçada que sabiam onde eu morava, que eu deixasse de falar que na rua estava perigoso etc. Como em uma novela e pelo meu perfil, fui unindo os fatos e descobri que era somente um antigo morador querendo voltar a morar no prédio e morar exatamente no meu apartamento de localização privilegiada inclusive pra ele "aprontar" as coisas que queria. Fiz um B.O pra me resguardar, mesmo sabendo o teor das coisas (que não era exatamente grave, mas apenas um drama invejoso) eu me organizei para sair. 

Antes de sair do apartamento, com algumas lâmpadas a menos, apagadas, parei no meio dele... Antes de abrir a última porta onde havia deixado meu cachorro, me deu vontade de chorar. Olhei para aquele vazio, aquelas marcas que passei por ali... Um pequeno desenho na parede, uma placa escrita "casa + amor = Lar" (escrita e feita por mim, que não desgrudou por nada no mundo da parede); eu agradeci mais uma vez... Como aconteceu tanta coisa importante e boa ali, meu primeiro lar de fato depois das casa dos meus pais. A minha extensão não somente mais em um quarto, mas em cada canto. Eu respirei fundo, enxuguei o rosto, abri a porta do quarto, peguei meu cachorro, fechei a janela, desliguei a luz, tranquei mais uma porta e saí com o coração pequenininho. Eu nem sabia que eu poderia me emocionar daquele jeito. Depois, quando falei pra meu noivo e minha mãe, quando falei pra minhas amigas, deu um nó na garganta. Como agora. 

Meu noivo perguntou: "Você quis chorar de tristeza? Precisávamos sair de lá." Eu: "Não. Não se chora só de tristeza... É porque foi a primeira "casa" só minha..." Embarguei a voz ali. Minha mãe ouviu e soltou um sorrisinho de quem entendia o que eu não disse; e de fato eu só consegui escrever pras minhas amigas sobre. Nem áudio eu consegui mandar. Mas agora, eu vou externar na minucia e "descobrir" o que está aqui dentro. 

Quando eu fui morar sozinha eu estava com o coração tão destruidinho... Só Deus e eu sabemos. Só Deus sabe as noites que chorei pedindo e perguntando a ele: Quando terei o "meu lugar"? Eu me sentia tão deslocada, envergonhada, tão sem chão, mesmo sabendo que sim, eu sempre tive pra onde ir, casa e pessoas que me acolhessem, mas era uma falta... Uma lacuna gigante que só piorou depois que terminei os meus dois anos de estudos intensos. Ficou mais nítido. 

Minhas roupas e coisas, teve um período, que estavam espalhadas em três residências diferentes; eu não me sentia realmente em casa (de todo) em lugar algum. Eu estava indo de casa em casa e escondendo parte de mim, dos meus desejos, das minhas opiniões, das minhas coisas, do que eu queria, da minha voz... Só em troca de ser aceita. De ter pra onde voltar de uma certa forma. Eu fui me apagando. Nos relacionamentos. Tem pessoas que acham que foi só no "amoroso", isso potencializou muito, mas eu estava assim no geral. Eu tinha receios nas três moradas que eu estava indo. Uma era de onde eu sai, do interior, dos meus pais. Sempre sui bem recebida e quando eu voltava lá, também voltava de alguma forma pra mim; mas não era mais para voltar a morar lá, senti isso. Voltar pra casa dos meus pais, depois de ter saído pra estudar, trabalhar em área especificas, ter um relacionamento longo com um rapaz, entre outras coisas, me remetia a um "não deu certo e ela está voltando". Sempre que eu pensava nisso, eu ficava triste, chateada e frustrada. Foi uma espécie de "engula o choro e faça o que tem que ser feito". E fiz... Aguentei coisa demais. Pra não "voltar atrás". 

Eu nunca havia me sentido tão mal com pessoas tão próximas, tão intimas, como me senti nos apartamentos que passei. Desde discussão por espaço, por esquecimentos (e quanto mais eu me estressava mais afetava minha memoria, o que não ajudou); depois por ciúmes, por não ter nada muito definido, depois por desgastes, por se ferir. Meus perdões foram conviver, ser boa e não desejar o mal, mas isso não significa que algumas coisas me atravessaram e que não deixaram marcas. Eu era tão tranquila que é até estranho de lembrar. A minha paz incomodava e eu não estava nem aí se era ela que incomodava. Eu queria manter, eu tinha muito "orgulho" dela. Mas as circunstancias me roubaram muito do que a sustentava. 

Ah eu tive momentos bons! Sim, vários. Eu tive pessoas que sempre foram boas apesar de qualquer coisa. Eu descobri acolhimento onde nem esperava, eu consegui terminar meus estudos, dar aula, viajar bastante, conhecer bons lugares, comer bem, ter pessoas sem me aperrear diretamente. Mas... Eu me pegava cinza. Vez ou outra. Sem energia. Eu tive medo de entrar numa depressão, meu sorriso foi ficando escasso ou, pelo menos, aquele sorriso que transborda e eu observei isso... Como alguém tendenciosa a pesquisar, eu fui fundo em mim, analisei cada pedacinho e decidi terminar ciclos. 

Terminei um relacionamento amoroso longo, eu não voltei mais a nenhum desses apartamentos a não ser pra pegar algumas coisas, outras eu deixei pra trás e nunca mais sequer voltei ou quis buscar... E então, eu voltei pra casa. Pra primeira, decidida a passar pouco tempo. Quanto tempo eu não sabia.  Eu voltei pra casa. A casa que eu tinha receio de voltar com a cara de que "falhei" na vida. E eis que as coisas começaram a clarear e se assentar e fluir. Deus bom. Eu voltei por apenas um fim de semana, fui chamada pra trabalhar em um lugar fixo, não tinha onde morar ainda, mas disse que queria tanto morar sozinha, minha família ajudou sem pestanejar (Deus bom!); minha mãe já vinha comprando coisas pra minha futura casa, eu também... Outras coisas vó, pai, irmão me ajudaram... 

No meio do processo fiquei em um apartamento de uma prima (por pouco tempo, duas vezes), o suficiente pra eu concluir umas aulas que eu estava ministrando, outras que estava assistindo pois estava fazendo uma pós nesse olho do furacão e voltei também para trabalhar durante uma semana até achar o apê 301. E foi isso. Eu fui pra o apê 301 e muita coisa gigante aconteceu em 25m2 pra meu coração. 

P.S: Eu vou escrever uma "carta" continuando e finalizando sobre o 301 na próxima postagem.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Revoltada

Na minha cabeça vem muita uma expressão "Estou cansada". A um tempo atrás era fisicamente e mentalmente; agora parece que é mentalmente ainda... Mas já se passaram meses. Já desacelerei tanto! Já fiz tantas coisas pela primeira vez, já li tantos livros, aprendi novos jogos, assisti outras séries, passei a caminhar com frequência, sai de um ambiente caótico que tanto me fazia mal... Por que ainda o cansaço permanece? O desânimo, a incerteza, a ansiedade, o pessimismo...? Desde quando eu fiquei tanto assim? Até quando eu vou ficar assim? 

Parece que estou fazendo várias coisas porque é o jeito. Mas vontade? As minhas vontades estão em subterfúgios. Totalmente pra isso. Estou correndo das minhas profundidades, porque tem coisas que me chegam que parece que vai ser a gota pra eu desmoronar durante uns dias. Eu quero chorar! E quando eu choro, parece que nada me diz de fato (a não ser eu mesma) que eu posso chorar. 

As coisas passam por cima me atropelando, o mundo diz: não dar tempo chorar e se retrair por tanto tempo assim! Bora! Novamente... Produção!

Eu queria ficar quieta. Onde a gente tem que viver com movimento. Eu queria algo também que ainda não sei o que é. Porque nada me preenche por tanto tempo. Eu já vivi perrengue, eu já me irritei bastante, já chorei por dívidas, já fiz muitos planos e eu tenho a impressão, quando eu me comparo a uma das minhas versões, que eu era mais leve. Como eu fui perdendo isso? Fiz uma viagem pra outro país e quando eu fui, estava caótica. Quando cheguei lá, eu tentei absorver só o que havia de bom, foi um grande presente de Deus. Quando eu voltei, algo havia mudado em mim. Estava bem humorada, estava animada pra começar algo novo finalmente, estava contente por ter saído de um lugar que tanto me fazia mal, até que, bem no fim do ano pra o início desse... A minha energia voltou a cair. "Trolei" com encontros, vinhos, livros e me ocupar com outras coisas. Mas vem de novo. Teve dias, de despencar. Vários dias. Hoje foi um deles. 

"Aquilo" voltou. A "coisa" ruim. Porque as vozes ruins estão sendo maiores que as boas do meu peito? Cadê o enxergar o lado bom das coisas? Por que estou tendo que me esforçar pra ver coisas boas, aprendizados... ? Meu Deus. Eu repito pra mim: Estou de saco cheio. Não somente estou triste como estou se saco cheio! Estou irritada porque eu tenho que lidar com coisas que eu me deixei levar. Esqueci até os motivos que me levaram a "deixar levar". Hoje eu pensei o quanto eu fui passiva. E na verdade, lembrei de quantas vezes eu só fiz algo a contragosto, fiz porque tinha que fazer. Não era tão passiva assim. E isso me irritava e me irrita ainda quando eu penso que alguém conseguiu me "sequelar". Agora já era... Resiliência? No meu mapa falou algo sobre eu ter uma tendência a isso. Saber usar isso. Mas olhando mais precisamente, ninguém volta a ser algo exatamente como era antes. Todos os encontros e pessoas que convivemos nos afeta. A minha cabeça está tão ruim, que eu não consigo ver as coisas boas que fiz de fato e que aconteceram, pelo menos não muito. Deus deve está olhando pra mim e pensando agora: ingrata. 

Estou muito afetada. Meu lado canceriano queria se afundar e ficar na concha meses até sentir falta de algo ou alguém aponto disso gritar no peito de desejo e voltar a superfície, a praia, correndo. "Cheguei; cansei de ficar lá no fundo... Saudades!" Porém a verdade é que estou de saco cheio de muita gente. De muitas coisas. Como fui ficando amarga assim, meu Deus? Minha vontade agora está entre poucos e pouquíssimas coisas. Sinto que estou um tanto me afastando e me isolando. Me acostumei com o isolamento da pandemia?

Eu gosto mais de mim com meus vinte e tantos, porque eu potencializei e descobri muitas coisas boas em mim. Eu nem questiono a pessoa que sou quanto a ter em mim um servir, o caráter, a sede por verdade, justiça, o ser atenciosa, etc... Mas profissionalmente eu estou abalada mais uma vez e nessas coisas de responsabilidades de adulto, da frase que ressoa em minha cabeça: "Ah você tem que dar conta, sim! Você já está com tal idade, deveria ter isso... Conquistar isso... Pensar nisso... " Eu não sabia que seria tanta coisa! 

Hoje me veio algo muito gentil comigo (depois de palestras, podcast, depois de chorar, depois de banhos, de me isolar, de falar com Deus mesmo sem ouvi-lo): Lembra quando você falou pra uma amiga que você diria a sua versão de quando mais jovem pra aproveitar mais? Se cobrar menos? De parar de levar tanta coisa muito a sério? De parar de querer parecer pra os outros que é madura o suficiente pra não fazer isso ou aquilo, de se comportar de tal jeito? Lembra? Será que daqui a uns anos, você não poderia ter o mesmo pensamento e sentimento de você agora? Será que você não está cobrando algo demais pra essa jovem que ainda é você? E por que tudo de uma vez? Por que você acha que está demorando e está se comparando tanto? Você realmente sabe aquilo que outras pessoas passam pra as vezes achar que a grama tá mais verde em qualquer outro lugar? Por que você tem que ouvir tanto e mais as pessoas que tem esse comportamento gigante de cobrar? Desde quando são elas que estão totalmente certas? 

Bem... Eu nunca fui uma pessoa invejosa. Tenho meus lapsos de: "Queria também. Poxa..." A questão também é que minha profissão não está me ajudando. Em que sentindo? Meu trabalho e onde trabalhei já fui muito surrada, além de os clientes não valorizarem tanto assim financeiramente. Além disso, eu vejo coisas de alto padrão, vendo coisas de muitos mils e quando olho pra minha conta ou realidade penso: Cadê? Gostaria de viver isso também em relação a minha vida pessoal. Eu ainda não consegui fazer a "mágica" acontecer. O meu lado trabalhadora está frustrada. E a quem diga: "Mas você está no Brasil. É a realidade de muitos..." Mas eu sei que também não é a realidade de outros tantos, é nessa outra realidade que eu quero estar. E está bem difícil. 

É isso... Eu tenho asc em aquário e Saturno na minha casa 11. E uma astróloga perguntou o quanto influenciou, eu fui até olhar as influências no meu mapa. E sim, bateu. Muito trabalho, muita irritabilidade, autocrítica, descordar dos outros, mudanças no visual, pressão alta, amizade ruim, gente falsa, cobranças e revoltas. O combo veio completo. E mercúrio Retrógrado trouxe sim, assuntos que eu não queria enfrentar. Mas sou adulta, né? 30min chorando pra passar dias resolvendo aquilo que não queria nem mais ver. Quanto mais, discutir. 

Foi isso. É isso. Está punk. Mais uma vez. Vou deixar aqui pra ter uma esperança de voltar, não daqui a uns anos, mais em breve e dizer: viu? Estava pegando pesado com você. Deu tudo certo. Você conseguiu sair dessa e parece que aquilo ali agora é tão distante, né? Nem dói mais. Nem te incomoda, nem coça? Foi muita coisa mesmo. Mas passou, viu só? 

Que assim seja.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Fim de tarde

Fim de tarde de uma sábado e eu ainda estou de pijama. Já tomei banho, comi, mas coloquei o pijama novamente. Não que eu queira dormir, eu quero a sonolência do estar tranquila. 

Deitada, um livro na mão, um lápis que eu sempre perco em meio a cama desarrumada e a janela aberta. Parei de ler. Nessas horas eu gosto de olhar pra janela e ver as cores do céu mudando em poucos minutos; se misturando entre amarelo, laranja, azul, rosa, lilás, branco e as nuances de cada um. São poucos minutos pra não se ver mais o mesmo. Eu acho muito bonito quando vejo um avião passando e cortando as nuvens com elas iluminadas fazendo um caminho. Nesse momento o avião parece um foguete nos conduzindo pra um lugar com direção, mas sem sabermos o destino. 

É algo infantil, talvez, mas eu fico pensando enquanto estamos aqui nessa vidinha parada no fim de tarde, tem tantos indo além, pra outro lugar. Fazer o que? Às vezes eu queria estar no avião de rastro iluminado pra viajar e encontrar outra realidade, mas por vezes também, eu só queria está como agora. Observando calmamente tudo e pensando como tem muitas coisas muito além de mim; como tudo ao redor vai indo, vai longe, segue. 

Tem gente que vê fim de tarde e dar uma certa tristeza. Achei estranho pensar assim. Eu vejo fim de tarde e me parece que Deus está calmo... Enquanto estamos caóticos no trânsito, resolvendo coisas, querendo ir pra casa, concluir algo antes que o expediente acabe, contando a hora pra buscar alguém, pensando no que fazer e comprar pra o jantar; o céu vai calmante brincando com os reflexos do sol. As nuvens vão se espalhando e dando visão as estrelas.

O pôr do sol, o olhar pra o céu me pede reverência porque eu não controlo as horas, nem quase nada a meu redor... E tudo passa. Mais um dia que vai acabando... Pede pra desacelerar. Diferente de quando o sol nasce e o que penso é: "O que temos pra hoje?" Então me apresento ao mundo e minhas diversas funções. A noite me pede pra ser apenas eu mesma. Porque teoricamente, ninguém vai me aperrear por horários. Estou livre. É por isso que eu gosto da noite. Agora eu entendi mais. A noite me permite mais, olhar pra mim e olhar pra dentro.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Malas cheias e coração grato

Estou voltando a escrever no voo de volta. Volto com as malas cheias, celular lotado de vídeos e fotos e um coração cheinho de gratidão, memórias de coisas lindas de eu conseguir ficar sem palavras. Ah tanto pra dizer e ao mesmo tempo, eu estou ainda no viver intensamente tudo. "Aproveite!" Foi o que mais ouvi e mais fiz.

Foi surpreendentemente bom e ao mesmo tempo quando foi pra vir, diante de uma possível dificuldade que surgiu pra atrapalhar isso, me deixou apreensiva. Voltar é muito bom. Eu sentia pelos dias que já estava bom. Hora de frear um pouco e descansar de tanto estímulo! "Processar tudo." Foi um prazer estar cansada porque fisicamente eu estava subindo ladeiras, escadas, explorando os lugares. Foi muito bom conhecer lugares que só via por fotos; animais que eu nem sabia que existiam; histórias, objetos, paisagens, pessoas, o particular da língua, gírias, jeitos, comidas, bebidas e climas tão diferentes... Foram muitas primeiras vezes. Foi muita generosidade de Deus e da minha família pra que isso tudo acontecesse e sou extremamente grata. A graça de Deus foi derramada... Muito!

No final, ao me despedir, chorei tão sentida... E fiquei pensando porque que estou chorando tanto? Foi ótimo! Agora é hora de voltar pra casa! Deu tudo certo! Eu tive vontade de chorar antes de vir, mas porque estava muito tensa. Teve algumas coisas meio atravessadas antes, como dificuldade na documentação da cachorrinha (foi terrível), fiquei tensa diante de muitos desafios em coisas completamente desconhecidas pra mim. Mas pra voltar estou chorando tão mais! 

Eu estou cheia de saudade... Vi meu irmão ficar em uma terra e vida nova pra ele, sabendo que é muito desafiador! Eu fui passar férias isso é bem diferente! Pesou a coisa família sabe? Foi isso que vi também. Tudo que falei que conheci foi extremamente bom, mas eu só consegui por causa da minha família. Eu fui porque eu precisava deixar uma cachorrinha que faz parte da família pra que eles ficassem mais completos. O fato de eu ir, fez com que eu levasse um tanto e trouxe um tanto do
que representa e é família. Você faz pelos seus. Mesmo com diferenças de jeitos, de crenças e de tantas contextos, o amor faz você enfrentar tantas coisa! Querer prover tanta coisa; se comportar de tantos jeitos. No fim, a gente se une. E torce um pelo outro, se alegra, se entristece, se revolta, defende, tenta fazer o melhor por aquela criatura trabalhosa (muitas vezes) mas, que você ama.

Deus... A quanto tempo eu queria "ir pra um hotel sabe? Dormir em uma cama macia e lençóis branquinhos, com um ar condicionado... Poder acordar e ter um café da a manhã bem recheado." E isso foi só uma das coisas boas que me aconteceram! Foi uma riqueza de detalhes arquitetônicos, de formas, de pinturas, de esculturas, desenhos, de natureza...

Eu fica vendo e pensando... Pra glória de Deus. Deus é tão perfeito em criar tudo isso... Em criar pessoas com dons, conhecimento e disposição pra um tudo disso. A criatividade humana reflete o quão grandioso podemos representar e criar coisas de tirar o fôlego. Unido ao que Deus criou... É muita coisas linda!

Quando eu cheguei em Lisboa, meu encantamento foi nas ruas... No centro histórico pra onde se olha dar é "fotografável"; cada contorno e detalhes muito únicos; a diversidade de pessoas faz com que você se sinta parte do mundo, de um todo.

Eu gostei de sentir o sol e não sentir quente, eu gostei de poder ter a liberdade e segurança de andar registrando o que eu quisesse com meu celular; gostei da comida, gostei dos lugares. Ah! Fui também lá pra casa de um tio me havia me conhecido quando muito pequena, com uns dois anos de idade e eu só o "conhecia" por fotos. Pouco interagi, infelizmente, porque meu corpo pedia muito pra eu descansar um pouco. Mas meu irmão sim. Passaram a tarde conversando. Mais uma vez, família! Como é bom encontrar "os seus". Parece que você se encontra no mundo. "És meu semelhante." O nosso tio ficou tão contente, fomos tão bem recebidos lá! Era aniversário do neto dele então conseguiu reunir mais pessoas. Conseguiu falar sobre algo que acho que estava pendente pra ele: "Porque não voltei ao Brasil..." Precisávamos ouvir dele. Sem supor. Acho que foi bom pra todo mundo. Irmos lá e registrar isso, mandar fotos pra os outros da família, despertou a alegria de alguns. "Vocês estão nos representando." Foi muito potente e bom isso. E foi aí que conheci mais um lugar também. Torres Novas. Cidade lindinha. Que quero conhecer mais um dia.

Enfim. Há muito para ser dito, lembrado... Mas dessa vez vou dormir um tanto. Ah! E algumas notas a  mais: Estou voltando com minha própria janela ao lado! Poltronas sem ninguém... Muito confortável! Inclinei as poltronas. Haha Sim, já acalmei meu coração. Estou voltando plena pra casa. 

[Ainda farei a continuação. Sono.]