Em meio a conversas com amigas, familiares, clientes, pessoas com quem trabalho e em tempos de disseminação gigante das redes sociais, fui tomada pelo questionamento dos anseios e influencias. Pensamentos sobre a cobiça, inveja, desejo, sonho, comparações, frustrações, questionamento sobre o que realmente queremos, ingratidão e até recalque. Quanta coisa, né?
É muito fácil hoje termos acesso (em partes) a várias realidades. A grama verde do vizinho nunca esteve tão visível e acessível para olharmos. Na minha área de atuação então... O que tem de pessoas novas com apartamentos e casas repletas de coisas de alto padrão, coisas que só "ricos" ou pessoas com "mais idade" e financeiramente estável teriam... A casa e apartamento dos sonhos bem equipadas, bem decoradas; um carro ótimo, viagens internacionais, celebrações lindas; o ensaio fotográfico da gravidez, dos filhos, há uma lista gigante de ostentação que se vive ou está vivendo "o melhor". Mas afinal, será que está quase todo mundo "bem de vida" assim? E os que não estão, são exceções por falta de mérito, sorte, organização ou falta de benção? Os que não estão nessa "linha" devem se sentir deslocados, injustiçados, tristes, frustrados, azarados ou coisa assim? A comparação sempre passa por uma sombra de frustração e ingratidão... E é sobre isso quero que falar.
No meio das comparações que perpassam e muitas vezes que a gente nem percebe, chegou a mim uma reflexão: No fundo esses desejos apressados vem de uma sensação de "estou ficando pra trás", "o tempo está passando para eu realizar ou ter tais coisas"... Isso é péssimo! Pois, não vemos nisso tudo quanta prosperidade já temos! Estamos tão acostumados a tal prosperidade estar ligada a bens materiais grandiosos ou relacionada a coisas, feitos que são desejados por muitos, que deixamos passar aquilo que de fato faz e está no nosso cotidiano e que sim, já é muito bom! Esquecemos de celebrar as nossas conquistas individuais, as nossas pequenas vitórias de cada dia. "Vamos fingir costume", mas por quê?
Eu li num livro algo como: "Se você tem alimento para estocar, isso já é fartura." Isso me pegou de um jeito! Nós podemos escolher o que comermos, nós podemos consumir água sem está contaminada, nós podemos dormir confortável, nós podemos assistir o que quisermos por TVs, computadores e celulares; nos divertirmos, ter acesso a lugares ótimos, livros, inclusive saber ler! Podemos também combinar e se "enfeitar" com tantas roupas e acessórios, decorar a nossa casa, consumir algo apenas por que nos dá prazer; nos deslocarmos em automóveis confortáveis; poderia listar tanta coisa... E aí a sociedade que vive isso é a mesma que diz de várias formas: "Você não deveria se contentar com tão pouco! Tem tanto para viver, aproveitar e ter! Tenha metas. Isso que você tem poderia ser melhor. Parece tão fácil para algumas pessoas..." Não diminuam as conquistas dos outros, por favor. Trazer esses discursos a custo de quê? Interferir diretamente, ou mesmo cutucar a alegria do outro... Não seja estraga prazeres! Inclusive, reveja o que está trazendo contentamento de fato sua vida.
Não venho aqui com um discurso raso de estagnação; não acredito ser ruim desejarmos e nos planejarmos além! Sonhar alto. Não é isso. Não é se limitar. Mas será que precisamos mesmo de tanto? Ou, de tanta pressa? Será que não estamos deixando de curtir o caminho e fazermos e vivermos melhor dentro do que já temos agora? Além do mais, às vezes é só uma fase.
Na espera acontece movimentos e eles não precisam ser bruscos e tão visíveis aos olhos de todos. Na verdade, quase nunca ninguém ver de fato. Nem mesmo a gente com esse olhar apressado... Nesse meio de caos.
Desejo que possamos ter um coração grato, uma mente humilde e paciente para atravessarmos os processos com anseios, mas sem "ansiedade"; que possamos ter uma presença e um olhar atento para absorver o que é bom e não se deleitar e cair, naquilo que não é; de vermos a beleza e a potência de tantas vivências e encontros valiosos em nossos cotidianos; de que possamos confiar mais uma vez (e com muita teimosia e certeza) naquele que sempre esteve conosco [Deus]; desejo que a gente possa enxergar a bondade de Deus por meio das nossas boas relações e momentos com tantas pessoas que amamos... Nós que somos voláteis; que a gente possa lembrar de tudo isso ou que Ele nos lembre.
Leveza. Desejo a todos leveza e gratidão.
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