Nela as cores se misturam, os formas mudam, descobrimos o interior dos alimentos, seus cheiros, a combinação deles, suas texturas, a beleza de cada um... E com a criatividade, o que juntos podem se tornar.
Não só as comidas, mas os sons também se misturam... Da chama acesa, do borbulhar que vem do fervido, da água escorrendo na pia, da faca se encontrando com a tábua, do vento entrando na janela pela brecha que deixamos para não apagar o fogo; do liquidificador unindo tudo em pedaços pequenos para se tornar uma coisa só; da Tv ao fundo ligada ou da música que vem de algum aparelho móvel, do tic-tac do temporizador, do aviso do forno afirmando que o alimento já pode ser retirado, dos armários guardiões dos nossos elementos nos fornecendo o que precisamos e protegendo as demais de uma tal poeira e bichinhos; das coisas que escorregam da nossa mão e encontram alguma superfície, do nosso cantar perfeito, dos pés fazendo melodias no piso, das nossas conversas com nós mesmos, da nossa oração a Deus enquanto mexemos em algo; do nosso falar mais alto porque o outro não consegue ouvir, das nossas filosofias enquanto a comida vai e vem na panela por meio daquela colher gigante; dos nossos risos entrelaçados, das nossas conversas atrapalhadas pelos pedidos, opiniões e orientações ao contexto do ambiente (''Cuidado com isso'', ''Pega aquilo pra mim'' ''Coloca mais...'' ''Está bom assim?''); mistura-se também os aromas, as sensações térmicas, e a gente.
Aqui também lemos, escrevemos, nos abraçamos, nos beijamos, sentamos, deitamos, nos amamos em um prato pronto ou ''aprontando''. A comida carrega energias, as de quem a fez... Por isso que a melhor sempre é feita com criatividade e carinho. Para mim, a cozinha é o núcleo da casa, o tal coração. Cozinhar para alguém é servir amor em prato... E se a louça começou a fazer barulho batendo uma na outra, ouve-se a anunciação de que a comida está pronta. Vamos, fechamos os olhos, abrimos a boca e comemos alimentos em prazer e ao terminar, vem aquela brisa de satisfação, que nos faz querer deitar no piso mesmo ou aos mais tradicionais, na cama.
São feitos e servidos aqui, o que alimenta o corpo e o para além dele...
P.S: Deu fome e vontade de estar em casa agora. rsrs
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